quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Governo admite facções e prende 2 agentes
Dois funcionários da Penitenciária Central do Estado são presos. Segundo a polícia, eles teriam instigado rebelião que causou sete mortes

Dois agentes penitenciários foram presos ontem na região de Curitiba sob acusação de terem articulado a rebelião na Peni­tenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. O motim, que ocorreu nos dias 14 e 15 de janeiro, terminou com sete mortes. Após anunciar as prisões, o governo do estado reconheceu oficialmente, pela primeira vez, a existência de organizações criminosas dentro das penitenciárias paranaenses.

O chefe da segurança do presídio, Celso Tadeu do Nascimento, e o subchefe, Carlos Carvalho da Silva, foram responsabilizados pela rebelião. Segundo as investigações, eles teriam colocado presos de grupos rivais nas mesmas galerias, o que teria causado o motim.

As investigações foram conduzidas pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e devem ser concluídas em dez dias. Ainda não está descartada a prisão de outros envolvidos com a rebelião. Na manhã de ontem, Nascimento se apresentou à polícia e Silva foi detido em sua casa, em Pinhais. Os dois estão presos preventivamente nas carceragens do Cope.

De acordo com os investigadores, os acusados teriam como objetivo forçar o retorno de 20 policiais militares. O reforço da PM foi retirado da guarda interna do presídio dias antes, por ordem da Secretaria de Estado da Segu­rança Pública (Sesp).

Contudo, para o governo do estado, a transferência dos policiais não foi fator contribuinte para a rebelião. O fator crucial teria sido a remoção de presos nas galerias da PCE. “Se os policiais estivessem lá e os presos fossem misturados, haveria rebelião da mesma forma. A rebelião seria muito maior”, afirma o secretário de Segurança, Luiz Fernando Dela­zari. “De forma irresponsável e criminosa, misturaram presos com o objetivo de criarem a rebelião. O que é mais estarrecedor: abandonaram três colegas de profissão para ficarem como reféns”, complementa.

O remanejamento de presos aconteceu três horas antes da rebelião e teria começado a ser articulado com três dias de antecedência, a partir da remoção dos policiais da PCE. Ao todo, cinco presos foram mortos durante o motim e outros dois morreram enquanto estavam no hospital. De acordo com De­­lazari, a retirada dos policiais da PCE aconteceu dentro de “um processo normal”, já que não haveria mais necessidade de eles continuarem na penitenciária. A Secre­taria de Estado da Justiça e da Cidadania (Seju), responsável pelos presídios, voltou a ser procurada pela reportagem, mas preferiu não se manifestar.

O posicionamento de Delazari foi reforçado ontem pelo juiz corregedor dos presídios Márcio Tokars e pelo promotor de Justiça Pedro Carvalho Santos Assinger, da 10.ª Vara Criminal. “Foi uma rebelião gravíssima. Pudemos perceber que foi uma conspiração com a participação dos agentes”, reforça Tokars. Para Assinger, a transferência de presos articulada por Nascimento e por Silva foi fator determinante da rebelião. “Eles tinham conhecimento de que haveria mortes caso misturassem detentos de galerias diferentes no mesmo espaço.”

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