terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Clubes pagarão a conta para identificar torcedores


Angelo Binder, com informações de Robson de Lazzari

Em 90 dias, Atlético, Coritiba e Paraná terão de colocar em funcionamento um sistema de câmeras no estádio e cadastro de quem compra ingresso. Vereador Tico Kuzma, um dos autores do projeto de lei, aposta em verbas federais para implantação do sistema.

A identificação por imagem dos torcedores de futebol em Curitiba exigirá um investimento imprevisto dos clubes da capital com estádios para mais de 15 mil pessoas. Será de Atlético, Coritiba e Paraná a conta para adequar Arena, Couto Pereira e Vila Capanema, respectivamente, à lei municipal sancionada na segunda-feira, pelo prefeito Beto Richa, com prazo de 90 dias para entrar em vigor.


Pela nova determinação, cada comprador de ingresso será fotografado e terá essa imagem associado ao número do bilhete -- essas informações ficarão armazenadas por 30 dias. A ideia é inspirada em um sistema similar implantado pelo Internacional no Beira-Rio. Em 2007, quando instalou os equipamentos, o clube gaúcho desembolsou R$ 150 mil. Não há previsão do custo atual.

“Será complicado no primeiro cadastro, mas com o tempo os clubes vão se adaptando a lei. Os clubes já têm um cadastro dos sócios e isso facilitará o processo”, admitiu o vereador Tico Kuzma (PSB), um dos autores do projeto de lei ao lado de Roberto Aciolli (PV) e Juliano Borghetti (PP).


Dos clubes da capital, o Atlético conta com um sistema similar. Cerca de 90% dos torcedores que assistem aos jogos na Arena são sócios e já possuem cadastro semelhante. De olho na Copa de 2014, o Rubro-Negro desenvolveu um projeto piloto de segurança do estádio.

No passado passado, uma parceria com a Prefeitura de Curitiba, por intermédio da Secretaria Antidrogas, desenvolveu um sistema de monitoramento e combate ao tráfico de drogas, que servirá como ponto de partida do plano de proteção da cidade para o Mundial. "Foi uma inciativa pontual, feita na partida contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro. Agora precisamos saber o que exatamente pede a lei e nos adaptar", explica Péricles de Souza, responsável pela segurança da Arena do Atlético.

Souza disse que o clube, que já conta com sistema de monitoramento, ainda precisa contabilizar quanto será gasto para adaptar o estádio a nova lei. Paraná e Coritiba, por sua vez, terão de capitalizar recursos ainda maiores para se enquadrar.

“Estamos tentando conseguir apoio do governo federal para instalar esse sistema de câmeras na Vila Capanema e no Couto Pereira. Temos mantido conversas com o (Ricardo) Gomyde, assessor do ministro Orlando Silva, para tentar viabilizar esta ajuda, principalmente após os incidentes do Couto Pereira”, argumenta Kuzma.

Segundo o vereador curitibano, está para ser aprovada na esfera federal a distribuição de R$ 84 milhões para equipar 31 estádios brasileiros com câmeras de identificação e segurança. Os vereadores curitibanos fazem campanha para que a dupla Paratiba seja a primeira contemplada pela verba pública.

"É uma medida importante no pacote antiviolência, e o Coritiba terá de se adequar. Vou levar o texto dessa lei para a reunião de diretoria para que possamos tomar as providências", garante o presidente do Coritiba, Jair Cirino. A diretoria do Paraná informou, pela assessoria de imprensa, que o clube está trabalhando para se adequar à lei, mas preferiu não se pronunciar.

Cadastro de visitante “escapa” da lei

A lei, que prevê o cadastro de torcedores no ato da compra do ingresso não afetará a rotina da torcida de visitantes de outras cidades. Exceto em clássicos locais, somente torcedores do time da casa precisarão estar cadastrados previamente.

“É uma lei municipal. Só vale para quem está em Curitiba, então se a pessoa compra fora, não tem como fazer esse controle. De qualquer forma, ficará mais fácil localizar e acionar judicialmente se um torcedor visitante transgredir a lei”, diz Kuzma.

Ele explica que o cadastro será individualizado, mas se a pessoa adquirir cinco ingressos, por exemplo, ficará responsável pelos cinco bilhetes, que devem ser numerados. “As pessoas de bem não vão querer passar os ingressos para bandidos. Além disso, isso pode ajudar a por fim na atividade dos cambistas, pois estas pessoas também estarão identificadas. Tudo isso servirá para ajudar o trabalho da polícia”, acredita o vereador.

O descumprimento da lei vai render advertência por escrito ao clube. Em caso de reincidência, a associação estará sujeito à multa (R$ 5 mil e de R$ 10 mil). Na hipótese de desobediência à lei, mesmo após a aplicação das penalidades, será cassado o alvará de localização e funcionamento do estádio de futebol.

Funcionários dos clubes, próprios ou terceirizados, com desempenho de alguma atividade no local da partida, também devem ser identificados e portar documento que permita a visualização de seu nome, função e foto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário